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Local: Niterói, RJ, Brazil

13 maio 2010

Meandro

Incontestavelmente lúdico
Não há razão para discordar
É breve, frágil, rústico, amargo

Toda sombra é dúvida
O caos é morno
Meu caos, meu terno azul rasgado
Sofisticado a ponto de ser moderno
Irreversível
Mestre da ponta do lápis gritante
A beleza é satisfatória

Independência tácita
Loucura inata
Rendem-se perante os pés do rei soberbo
Ridicularizado
Adestrado pelos cães soldados
A farsa é pobre no espírito rogado
A longevidade, insípida,
Foi pelo canto errado da rua descoberta
Traçado amortecido
Era de se esperar o som passivo
Mas a tendência é vacilante

Repúdio ao ócio do osso quebrado
Rolam as pedras que antes cantavam
Choram parreiras
Pés se levantam e cospem poeira
Incerteza e sorte
Leviano coração humano

O poste tem pressa
A régua se mede de ponta à cabeça
São águas passadas por todo o planeta
É um poço sem sentido
Não há razão para interpretar
Pobre poesia moderna
Caneta sem tinta
Pena sem pássaro
O voo foi cancelado por falta de atraso

As mãos da senhora não tremem mais
Rugas maduras
Pele impecável de tempo adorável
Rosto sereno em meio a todos

A névoa tapou meu horizonte
O sopro refez meu caminho
É ar para viver
Luar de quem ama
Só são presas porque tu queres
Se queres, te prende
Tu sabes, você sabe, ou ainda não

Paralelamente a mente mata
Selvagem e voraz
Vingança doce e lenta
Infelizmente, sou o alvo em vista
Corri como pude
Fugi do submundo apoteótico
Lancei fora do aquário o peixe errado
Tracei metas conflitantes
Desci escadas sem degraus
Larguei os óculos na estante quebrada
Me livrei de tudo e só me restou uma palavra
Meandro.