Ágora do Rio

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Local: Niterói, RJ, Brazil

27 junho 2009

So long, Michael!

Eu sei que é chover no molhado falar da morte de Michael Jackson, já que todo mundo escreveu e disse tudo o que podia ser dito (e provavelmente postou vídeo no Youtube, criou comunidade no Orkut, Facebook, twittou...), mas não é por menos: o cara é o Michael Jackson. Não importa se você é fã dele, se o odeia, se acha que ele é um pedófilo, o que importa é que Michael é simplesmente único. Só o fato de ele não ter "raça", é um negro branco!, já o torna uma pessoa fora do comum, literalmente. Outra dado importante que poucos lembram: ele foi um astro mirim que se tornou um astro adulto, isto é muito raro. Era praticamente uma lenda viva. Michael inovou a música de maneira brutal. A música e o que dela se alimenta. Lançou o álbum mais vendido de todos os tempos e outros que também estão entre os mais vendidos. Fez a convergência do pop com o rock e mudou por completo a maneira de se pensar videoclipes. Popularizou o moonwalk e tantos outros passos de dança. Se tornou o ícone de uma geração, eclipsando astros como Prince e Madonna. Foi único. Foi o rei do pop.
Mas, nem tudo são flores no reino do "ul" (gritinho do Michael). Ele se perdeu em seus passos. Se prendeu em um ciclo de cirurgias plásticas em uma louca obsessão estética que deformou seu rosto de maneira bizarra. Se envolveu em escândalos de pedofilia que nunca ficaram claros. Fez muita coisa estranha e, por fim, sua carreira se despedaçou. Não perdeu os fãs, mas perdeu a glória. Se tornou um vulto de seu próprio passado. Infelizmente, terminou seus atos antes de voltar aos palcos, onde talvez retomasse seus rumos. Jamais saberemos se Michael Jackson se reergueria, não houve tempo. A música perdeu um de seus principais agentes do último século. A música e a arte devem muito a este homem, mas valeu a pena para ele?

20 junho 2009

O que me faz

Me construo aos poucos
Ao redor me há essência
Ganho ar a cada passo

Em cada ouvir

Cada voz me é sentida
Cada tom em sutileza

Assim eu sinto

O próprio tempo é irrisório
É suave
É denso
É real

Simples são os que me cercam
Grandes são em meu apreço

Tudo me é dado em graça
Por tudo canto alegria

Viver é agregar vidas
-O que dizes?

Vivo em demasia.

11 junho 2009

Não obstante...

Verdade seja dita: não tenho nada pra escrever hoje. Adiantei a postagem porque vou viajar, mas não adiantei a inspiração. Aí, danou-se. Pelo menos a taxa Selic foi pra menos de 10 pontos (9,25 é um número legal, mas ainda dá pra baixar mais). Taí um fator bastante positivo nessa crise muito louca, a possibilidade de se diminuir consideravelmente o patamar da taxa básica de juros brasileira. Bom, né? Eu acho. Tem gente que não acha, mas eu acho. Tem mais gente que acha também. E a remuneração da poupança, se você quer saber, também deve baixar. Se não, inviabiliza maior corte na Selic.
Essas paradas de economia são muito divertidas. Nunca fica todo mundo satisfeito. Sempre sai alguém perdendo. O problema é que, muitas vezes, quem mais perde é quem mais precisa.
Política é outra parada divertida. Só que com um humor bem mais negro. Até porque, as decisões econômicas são completamente políticas. Eu acho muito triste o modo como boa parte dos políticos transforma algo tão legal em tanta podridão. O problema é que o congresso é o espelho da sociedade, mas isso é assunto pra outra postagem. A burrice egocêntrica do povo brasileiro. Pelo menos temos o CQC pra reanimar a política.
É isso, então. Nada demais.
Tô com fome.

06 junho 2009

Tão simples quanto sorrir

Há um dia perdi meus passos no mesmo caminho que faço e refaço todos os dias. Tropecei no marasmo e descobri o inusitado. 
No meio do caminho, no mesmo diário caminho de andar mecânico e trajeto automático, encontrei um palhaço. Ele riu quando tropecei. Ele não só riu, como gargalhou. Não satisfeito ainda, ficou me rodeando, saltitando, apontando, zombando da minha situação. Eu nem cheguei a cair no chão, apenas me desequilibrei, mas foi o suficiente para ele fazer sua festa. Meu anonimato cotidiano, meu ser mais um homem comum a caminhar pelo mesmo lugar de sempre foi corrompido em um instante, um mísero instante de descuido. Bastou um passo em falso, dentre milhares, quiçá milhões de passos regulares, para que a métrica do meu dia-a-dia fosse quebrada. Foi só um mínimo detalhe e meu equilíbrio se foi. 
O palhaço não parava. Eu não sabia lidar com aquilo. Era um momento completamente novo pra mim, um espaço desconhecido. Eu não tinha apoio. Eu não tinha em que me sustentar, ou em quem. Eu estava só. E o palhaço permanecia. Seu riso se espalhava por outras bocas. Era um som crescente que tomava todo o ar e me sufocava. Eu estava paralisado, cercado pelo que jamais vira, entocado em minha vergonha. Tudo já estava estabelecido, não havia como fugir. Eu olhei para o palhaço e ele me olhou de volta, não com um olhar intimidador, mas com graça. Não sei porque, mas eu sorri. De repente o sorriso se fez riso, o riso, gargalhada e a gargalhada era alegria. Eu ria de mim mesmo e ria do palhaço. O palhaço ria de mim e de si e do povo. Todos riam. 
Comecei a entender o palhaço e o riso. Também agora me entendo e rio. 
Descobri no tropeço o olhar do palhaço. 
Lembrei-me, pois, de minha infância.